abr 18

Extração de recursos naturais mais do que triplicou desde 1970

A retirada de recursos naturais mais do que triplicou desde 1970, incluindo um aumento de cinco vezes no uso de minerais não metálicos e de 45% de combustíveis fósseis.

O cenário foi mostrado em relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), que pede modelos sustentáveis no uso e extração desses recursos.

A situação é tida como a principal responsável pelas mudanças climáticas e pela perda de biodiversidade. Ao longo dos últimos 50 anos, a população dobrou e o PIB (Produto Interno Bruto) global aumentou quatro vezes. O relatório aponta que, no mesmo período, a extração global anual de materiais passou de 27 bilhões de toneladas para 92 bilhões de toneladas (até 2017). Com as atuais tendências, esse volume pode dobrar de novo até 2060.

O documento da ONU ressalta que a extração e o processamento de materiais, combustíveis e alimentos contribuem com metade do total global de emissões de gases do efeito estufa e com mais de 90% da perda de biodiversidade e estresse hídrico. E, para o futuro, a questão só tende a piorar, a não ser que seja realizada, urgentemente, uma reforma sistemática do uso de recursos, alerta a organização.

Causas e números

A alta nas taxas de extração ano a ano foi impulsionada, principalmente, por grandes investimentos em infraestrutura e por padrões materiais de vida mais elevados em países em desenvolvimento e de economia de transição, especialmente na Ásia. Desde 2000, essas taxas tiveram aumento de 3,2% por ano.
Os países mais ricos ainda precisaram de 9,8 toneladas de materiais por pessoa em 2017, um volume que foi mobilizado em outras partes do mundo, o que também está impulsionando essa tendência.

O uso de minérios de metal aumentou 2,7% por ano e os impactos associados na saúde humana e nas mudanças climáticas dobraram durante 2000 – 2015. Já a utilização de combustíveis fósseis passou de 6 bilhões de toneladas em 1970 para 15 bilhões de toneladas em 2017. A biomassa aumentou de 9 bilhões de toneladas para 24 bilhões de toneladas — a maior parte está associada a alimentação, matérias-primas e energia.

Projeções e impactos

De acordo com o relatório, de 2015 até 2060, espera-se que o uso de recursos naturais cresça 110%. Isso levará a uma redução de mais de 10% das florestas e de outros habitats, como as pradarias, em torno de 20%. No que diz respeito às mudanças climáticas, a estimativa é a de que haverá um aumento de 43% nas emissões de gases do efeito estufa.

O documento da ONU ainda alerta que, se o crescimento da economia e do consumo continuar nas taxas atuais, será necessário empenho bem maior para garantir que um crescimento econômico positivo não cause impactos ambientais drásticos.

O relatório salienta que não só a eficiência em recursos é essencial, mas também uma combinação de ciclos de vida mais longos para os produtos, além de design inteligente; padronização e reuso; reciclagem e remanufatura.

Com a eficiência certa em recursos e a implementação de políticas sustentáveis de consumo e produção, acredita- se que o crescimento do uso global de recursos pode desacelerar em 25% até 2060, o produto interno bruto global poderia crescer 8% — especialmente nas nações de renda média e baixa — e as emissões de gases do efeito estufa poderiam ter queda de 90%, na comparação com projeções que seguem as tendências históricas.

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