jan 03

Como viver bem com 60% menos energia

O consumo global de energia em 2050 poderia ser reduzido aos níveis da década de 1960 e ainda fornecer um padrão de vida decente para uma população três vezes maior.

É isso o que indica um estudo, liderado pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, que o recurso energético necessário para que todos tenham um padrão de vida adequado em 2050 – o que significa que todas as suas necessidades humanas básicas, como abrigo, mobilidade, alimentação e higiene são atendidas, além de ter acesso a equipamentos modernos, saúde de alta qualidade, educação e tecnologia da informação.

As descobertas, publicadas na revista Global Environmental Change, revelam que esses padrões podem ser fornecidos a toda a população global de 10 bilhões de pessoas, que deve ser alcançada até 2050, por menos de 40% da energia global de hoje. Isso é cerca de 25% da previsão da Agência Internacional de Energia se as tendências atuais continuarem – este nível de consumo global de energia é aproximadamente o mesmo que durante a década de 1960, quando a população era de apenas três bilhões.

Como foram feitos os cálculos

Primeiramente, vamos começar trazendo a definição de energia final que, aqui, é aquela entregue à porta do consumidor, por exemplo, o sistema de aquecimento, a eletricidade e a gasolina que abastece o carro. O estudo calculou os requisitos mínimos de energia final necessários para fornecer padrões de vida adequados (ou seja, com o acesso a todos os elementos básicos e mais as funcionalidades dos equipamentos modernos) e construiu um modelo que se baseia nessas necessidades que sustentam o bem-estar humano.

A equipe comparou o atual consumo de energia final em países que apresentam as estimativas necessárias para uma vida considerada adequada e descobriu que a grande maioria deles com um superávit significativo. Em países que são os maiores consumidores per capita de hoje, cortes de energia de quase 95% são possíveis, ao mesmo tempo que proporcionam padrões de vida decentes para todos.

Derrubando mitos

O estudo descobriu que padrões de vida como esses podem ser fornecidos a uma população global em crescimento por menos de 40% da energia usada em todo o mundo hoje. Isso significa que a energia limpa poderia facilmente ser suficiente para abastecer as 10 bilhões de pessoas que estarão vivendo no planeta até 2050. E a conta é simples: atualmente, apenas 17% do consumo global de energia final é proveniente de fontes de combustíveis não fósseis, o que é quase 50% do necessário para fornecer um padrão de vida adequado para todos nos próximos 30 anos.

Com isso, é possível afirmar que as soluções tecnológicas disponíveis atualmente já permitem a redução do consumo de energia a um nível sustentável. O que os pesquisadores acrescentam é que os sacrifícios materiais necessários para essas reduções são muito menores do que as narrativas populares sugerem. Ou seja, está claramente ao nosso alcance proporcionar uma vida de possibilidade para todos e, ao mesmo tempo, proteger nosso clima e ecossistemas.

Fontes: Euro News | Leeds

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